Projeto Cordeiro Castrolanda envolve todas as etapas da produção, desde o campo até o fornecimento da carne ao mercado
Denise Saueressig
Há cerca de 15 anos, a viabilidade da ovinocultura passou a ser avaliada na área de atuação da cooperativa Castrolanda, que tem sede em Castro, nos Campos Gerais do Paraná. Inicialmente, o foco era a integração lavoura-pecuária na região, que é reconhecida pela sua forte tradição leiteira. “Identificamos possibilidade de otimizar a ocupação de pequenas áreas, transformando capim em carne e propiciando mais uma fonte de renda aos produtores”, relata o médico veterinário Tarcísio Bartmeyer, coordenador do projeto de ovinocultura da cooperativa.
A agregação de valor com a atividade foi intensificada em 2011, quando foi lançada a marca do Cordeiro Castrolanda. “Houve uma grande aceitação dos cortes no mercado, especialmente em ótimos restaurantes da capital Curitiba”, conta Bartmeyer.
Atualmente, um grupo de 25 produtores participa do projeto com um rebanho de aproximadamente sete mil matrizes. Os cordeiros destinados ao abate seguem um padrão, com peso entre 40 e 45 quilos e idade máxima de seis meses.
A produção de carne é estimada em torno de 100 toneladas/ano e os cortes embalados com a marca da cooperativa são destinados a restaurantes e casas de carne gourmet no estado do Paraná. “Nossa produção ainda é pequena, mas cresce anualmente de maneira sustentável”, avalia o técnico da Castrolanda. O incremento vem acontecendo com a ampliação do número de matrizes por propriedade, pela entrada de novos produtores no negócio e, principalmente, pelos investimentos em qualificação visando uma maior produtividade. “Nossa meta não é tanto o crescimento em si, mas a ampliação da margem de retorno do produtor com a adoção de tecnologias promotoras de maior eficiência”, destaca Bartmeyer.
Atenção à gestão
Assim como acontece de forma geral com a ovinocultura no Brasil, a demanda pela produção do Cordeiro Castrolanda é maior do que a oferta. No País, a atividade precisa melhorar seus índices em aspectos como prolificidade e ganho de peso a campo. “Estamos atrasados pelo menos 30 anos em relação a outros países, como a Nova Zelândia. Nosso custo de produção é muito mais alto. E, por isso, é tão importante pensarmos em alternativas como a integração lavoura-pecuária, que possibilita uma produção mais racional, potencializando, por exemplo, a alimentação dos animais e a mão-de-obra nas propriedades”, argumenta o veterinário.
O manejo também pode ser qualificado com atitudes do produtor, que precisa prestar atenção à gestão técnica e zootécnica do rebanho. “Esse ponto envolve o criador saber, por exemplo, quantos quilos de carne uma ovelha produz ao ano e, assim, poder definir as práticas para aumentar a produtividade”, acrescenta.
A Castrolanda coordena o modelo produtivo, viabilizando o acesso às informações relacionadas à sanidade, reprodução e nutrição dos ovinos. “Os cooperados também têm a garantia de comercialização dos cordeiros durante o ano todo, com um padrão de qualidade diferenciado e oferta constante aos clientes sem interrupção no fornecimento”, observa Bartmeyer.
Plano de expansão
Um dos produtores participantes do projeto é Luiz Carlos Klempovus. Na Agropecuária Boa Esperança, ele e o sócio Eloy de Souza Ribeiro iniciaram os investimentos na ovinocultura em 2005. A atividade chegou para diversificar ainda mais a propriedade em Castro, onde também há pecuária leiteira, criação de suínos, cultivo de grãos e produção de pré-secado de azevém. “Procuramos uma alternativa para uma área de declive que temos na fazenda e começamos com a compra de matrizes da raça Ile de France do Rio Grande do Sul”, conta Klempovus.
Hoje, o rebanho é formado por duas mil fêmeas. No ano passado, 800 cordeiros foram enviados para o abate. “O cruzamento entre as raças Ile de France e Texel garante animais precoces, com uma camada de gordura uniforme e uma carne suculenta”, frisa o produtor.
Com idade entre 60 e 70 dias, os cordeiros são desmamados e seguem para o confinamento até o peso ideal de abate. Klempovus também compra animais jovens de outros criadores para terminação. Em torno de 70% da matéria-prima utilizada na alimentação do plantel é produzida na propriedade, o que é uma vantagem, sobretudo em tempos de altos custos como o vivenciado agora.
Além da assistência da Castrolanda, os produtores contam com o auxílio de duas veterinárias nos cuidados com os ovinos. Os resultados animadores e o futuro promissor da atividade fazem com que os sócios projetem um aumento do rebanho para 3 mil matrizes em 2023.