A integração é ponto chave para o agro brasileiro ampliar sua competitividade em âmbito global, mas também para produzir mais com um nível ainda maior de conservação ambiental. E essa integração precisa ser global, ou seja, entre os segmentos público e privado, entre as cadeias produtivas, entre academia e empresa, e entre países. Essa foi a conclusão do 21º Congresso Brasileiro do Agronegócio, uma realização da Abag, em parceria com a B3 – a bolsa do Brasil, que aconteceu nesta segunda-feira, dia 1º de agosto, e contou com a participação de mais de 700 participantes no Sheraton WTC Hotel, em São Paulo, e mais de 6.000 profissionais do Brasil e do exterior, que acompanharam online as discussões.
Para o presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Luiz Carlos Corrêa Carvalho, o agro brasileiro precisa ser proativo pela condição excepcional de grande exportador e produtor de alimentos, fibras e energia. “Nesse sentido, mais do que ser, precisamos mostrar e isso requer atuação diferenciada, que necessariamente passa pela atuação pública-privada integrada”, comentou. A seu ver, é importante valorizar os programas nacionais que buscam incentivar a união entre a produção e a conservação ambiental, como o Renovabio.
Durante o painel Agronegócio: Perspectivas 2023/2026, o ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, comentou que existe três temas importantes a serem observados no curto prazo: a nova globalização, com dois polos – o ocidente, sem liderança e com a perda do protagonismo de organismos internacionais, e o oriente, liderado pela China -; o novo cenário transformado pela pandemia, que fez com que as empresas busquem trazer seus insumos para localidades próximas; e a segurança alimentar.
“O mundo está em busca de autossuficiência, por isso precisamos trabalhar para garantir nosso papel, que depende de estratégias, como: tecnologia e inovação; acordos comerciais fortes; não aceitação de ilegalidades no país; infraestrutura e logística; e organização da classe rural, através das cooperativas brasileira”, disse Roberto Rodrigues.

O ex-ministro da Agricultura Francisco Turra, ressaltou a importância do Brasil como fonte de alimentos e energia em um cenário de crise alimentar pela qual passa o mundo nos dias atuais. “Superamos outros países produtores pela qualidade da produção, tecnologia e produtividade, mas imagino que esses índices podem ser multiplicados com agregação de valor aos produtos exportados. Essa é a nova revolução que precisamos empreender, agregar valor aos produtos da agricultura de pequeno, médio e também de grande porte. Há cerca de 180 mercados do mundo abertos ao Brasil”, afirmou.
Ministro da Agricultura no governo Geisel (1974 a 1979), e colunista da A Granja, Alysson Paolinelli, vem acompanhando desde então o desenvolvimento e crescimento da agricultura brasileira e cita o momento atual como uma grande oportunidade de o país reafirmar seu protagonismo no cenário da segurança alimentar mundial. “O aumento no número de habitantes no planeta, especialmente em países altamente populosos como a China, traz consigo o aumento de renda e capacidade aquisitiva com a consequente troca de carboidratos por proteínas. O Brasil está preparado para suprir essa demanda porque viemos dominando quase todas as cadeias produtivas de proteínas, mas é preciso focar e investir no aumento significativo de produção para alimentar esse número crescente de pessoas”, afirmou Paolinelli. Neste sentido, Paolinelli citou a mão de obra e a tecnologia como ferramentas fundamentais nessa transformação.