Coluna Zadra responde, escrita pelo zootecnista Alexandre Zadra.
Conheço fazendeiros na Colômbia e na Venezuela que formaram rebanho com animais 5/8 de sangue zebu leiteiro (Guzerá, Brahman ou Gir ) e 3/8 europeu leiteiro (Holandês, Pardo-suíço ou Ayrshire) ou de dupla aptidão (Simental ou Normando). Quais os benefícios que teríamos aqui, no Brasil, com plantel 5/8 zebu e 3/8 europeu para produção de leite e desmame de bezerros para corte? Milton Barbosa – Nova Friburgo/RJ
Quando decidimos por produzir carne e leite nos trópicos, utilizando o mesmo rebanho, é primordial pensarmos em usar raças adaptadas ao calor, cruzando-as com raças europeias especializadas, formando compostos que produzam boa quantidade de leite a pasto e machos pesados e com ótimas carcaças ao abate.
A única vantagem obtida pelo produtor que pretenda ter animais 5/8 zebuínos e 3/8 europeus é a alta adaptabilidade, pois possuem em seu sangue 62,5% de genes zebuínos, raças reconhecidamente mais tolerantes ao calor. Dessa forma, tais animais apresentam maior capacidade de pastoreio mesmo no calor dos trópicos.
Alguns criadores da “América Tropical” vêm formando esse composto azebuado para se criar de forma extensiva e que atenda à demanda pouco exigente de carne e de leite.
Já quando objetivamos produzir carne de qualidade e leite nos trópicos, mas de forma semi-intensiva, devemos gerar um rebanho que seja 5/8 europeu e 3/8 zebuíno, pois sabemos que vacas com maior porcentagem de sangue de raças europeias produzem leite por mais tempo na lactação, sendo que muitas delas, quando bem manejadas, não precisam de bezerro ao pé no momento da ordenha para soltar o leite.
Pelo prisma de produção de carne, temos que a maciez melhorou com o aumento da porcentagem de sangue de taurinos nos diversos cruzamentos pesquisados no Clay Center (MARC), em Nebrasca, um dos maiores centros de pesquisa de gado de corte do mundo. Assim, compostos que sejam 5/8 taurinos terão carcaças passíveis de premiação nos diversos programas de premiação por qualidade.
Leia também: Cuidado ao usar sêmen de nelore em f1
Tenho vacas cruzadas de várias raças, como Devon, Angus, Braford, Hereford e Charolês. Somos produtores de bezerros, retendo as novilhas para reprodução. Qual raça devo usar sobre elas? Geremias Rodrigues Guerra – Monte Alegre dos Campos/RS
Uma das premissas para se escolher qual raça usar para produção de bezerros é saber qual a coloração mais procurada pelos compradores. Temos regiões do Rio Grande do Sul onde a pelagem preta é mais valorizada, devido à boa demanda por animais Angus. Outras preferem o vermelho, o que, para muitos produtores, é sinônimo de menor infestação de ectoparasitas.
Assim que escolher a coloração ideal, busque raças que possam manter a alta produtividade das raças taurinas, com uma pitada de adaptação para suportar o calor do verão gaúcho. Não se esqueça de usar o vigor híbrido (choque de sangue) ou heterose a seu favor, ou seja, cruze raças diferentes.
Dessa forma, recomendo que use o Brangus, caso pretenda produzir animais de pelagem negra. Caso deseje produzir animais vermelhos, recomendo o Bonsmara, raça taurina da África do Sul formada por Hereford, Shorthorn e Africander. Utilizando-o nas suas vacas, você produzirá animais com ótima carcaça e fêmeas de alta qualidade para reposição do plantel.
A progênie do Bonsmara ou de um dos bimestiços (Brangus, Braford, Canchim, Santa Gertrudis) terá muita saúde, perdendo pelo no verão e ganhando no inverno para se protegerem do frio.