“Nosso projeto é voltar ao patamar histórico dos desembolsos do BNDES desde o início da implantação do Real que é de 2% do PIB. Para isso, queremos dobrar o tamanho do BNDES até 2026 para que possa cumprir seu papel de desenvolvimento econômico e social”, declara o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante.
Mercadante estava acompanhado dos diretores Luciana Costa, Natália Dias, Tereza Campello, Helena Tenório, José Luis Gordon, Nelson Barbosa e Alexandre Abreu (foto) durante apresentação dos resultados referentes ao ano de 2022, em que o BNDES registrou lucro de R$ 12,5 bilhões.
Esse montante alcança R$ 41,7 bilhões de lucro líquido, em 2022, com o impacto da reclassificação do investimento em JBS (R$ 5,8 bilhões), de coligada para não coligada, das alienações de ações de R$ 2,3 bilhões, com destaque para Eletrobras e JBS, além de receitas de dividendos de R$ 18,4 bilhões, com destaque para Petrobras (R$ 17,2 bilhões).
BNDES encolhe quase 50% em 7 anos
O diretor financeiro, Alexandre Abreu, destacou que o BNDES seguiu a tendência de redução de ativos, o que vem ocorrendo desde 2015. Nos últimos oito anos, os ativos do Banco caíram de R$ 1,4 trilhão, no final de 2014, para R$ 684 bilhões, em 2022, uma queda real de 51% no período.
“O BNDES hoje tem o mesmo tamanho que em 2008”, apontou Abreu. Ao comentar sobre a carteira de crédito, Abreu ressaltou que a carteira de crédito está, em números corrigidos, no mesmo patamar de 2008, mas com queda de 30% em termos de participação do PIB. “É um fator preocupante, uma vez que o principal ativo gerador de receita vem caindo, se continuar, vamos ter problemas em termos de resultado”, alertou o diretor.
Tesouro
Aloizio Mercadante revelou que o BNDES repassou ao Tesouro Nacional R$ 873 bilhões em valores nominais, desde 2015, ao considerar os pagamentos contratuais e antecipados de financiamento da União, FAT, dividendos e tributos federais. Esse valor supera em R$ 227 bilhões a soma de todos os desembolsos realizados no período (R$ 646 bilhões, entre 2015 e 2022). “O BNDES transferiu a mais R$ 254 bilhões que o subsídio que recebeu, de R$ 414 bilhões, entre 2008 e 2014. Cinco vezes o lucro líquido, vinte vezes o recorrente. Não é papel do BNDES financiar o Tesouro nesta velocidade”, disse o presidente.
Mercadante destacou que o BNDES precisa rever essa relação com o Tesouro para que possa resgatar o seu papel histórico de instrumento estratégico de desenvolvimento do Brasil. “Nós temos o valor da TLP que é de cinco anos. Existem outros prazos que o Tesouro Nacional utiliza para se financiar. Queremos poder utilizar outras taxas para diferentes clientes”, esclareceu.
Futuro do BNDES
O diretor de Planejamento, Nelson Barbosa, apresentou aos jornalistas o plano do que vem sendo chamado de BNDES do Futuro, que passa por uma agenda de diversificação de funding; investimento em infraestrutura, com fábrica de projetos, inclusão produtiva, com foco em micro, pequenas e médias empresas, gestão climática, inovação e reindustrialização, transição energética, exportações e diversidade e equidade. Barbosa reforça a necessidade de estabelecer taxas adequadas para o desenvolvimento dessa agenda.
Bloqueio de empréstimo a desmatadores
Uma nova ferramenta tecnológica está permitindo ao BNDES ter segurança de que os empréstimos concedidos a proprietários rurais não serão destinados a áreas de desmatamento irregular. Este controle já ocorre por meio de uma parceria firmada em fevereiro de 2023 entre o banco e o MapBbiomas, plataforma capaz de monitorar em tempo real todos os biomas brasileiros por meio de satélites de alta resolução e gerar alertas e laudos com imagens antes e depois de desmatamentos.
As demonstrações financeiras do BNDES e suas subsidiárias estão disponíveis no Portal de Relações com Investidores do BNDES.