O Dia Nacional da Pecuária é comemorado em 14 de outubro. A atividade é um dos mais importantes esteios da economia brasileira. Há quem ainda pense que compreende apenas a criação de bovinos. Entretanto, abrange bem mais do que isso.
Ela é voltada para a criação de animais. Promove o abastecimento de alimentos de origem animal além de fornecer matéria-prima, como couro e lã.
Gado

Quem explica é o professor Júlio Barcellos, coordenador do Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva (Nespro – Ufrgs). “Gado é no sentido amplo. Refere-se a equinos, bovinos, caprinos, suínos, de bico (aves)…”
Segundo o professor, o dia 14 de outubro é destinado à reverência a uma atividade que evoluiu junto com o homem, desde que tinha hábitos primitivos. Inicialmente serviu para alimentá-lo, transportá-lo e como meio de segurança. “Só depois passou à produção de alimentos: carne, leite e ovos.”
“É muito importante integrar as atividades criatórias com as preservações dos recursos naturais e com a entrega de emprego, renda e de alimentos acessíveis à sociedade.”
Júlio Barcellos
Bovinos

O Brasil produz 10 milhões de toneladas de carne bovina, representando 8,5% do PIB do Brasil. Desse total, 20,8% são exportados a dezenas de países.
Entre 1990 e 2020, a produtividade da pecuária brasileira cresceu de 1,6@ por hectare/ano para 4,2@ por hectare/ano (o equivalente a 122%). Os dados são da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) e da Fundação MT.
O Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) destaca que o resultado também deve ser creditado ao conhecimento e trabalho dos médicos veterinários e zootecnistas. “Eles atuam pelo crescimento da pecuária, garantindo uma produção com rigorosos padrões de qualidade. Focada na sanidade dos rebanhos, na segurança dos alimentos de origem animal e na sustentabilidade dos pastos.”
Rebanho
Em 2020, o rebanho bovino brasileiro foi o maior do mundo. É o que indica o Estudo da Secretaria de Inteligência e Relações Estratégicas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Sire/Embrapa). Com 217 milhões de cabeças, representa 14,30% do número mundial. É seguido pela Índia, com 190 milhões de cabeças.
Ao adicionar a produção de aves e de suínos, o País ocupa a terceira posição mundial no mercado de proteína animal. Produtores buscam formas de aliar a produção com a preservação e a recuperação do meio ambiente.
Isso porque a preocupação com o desenvolvimento sustentável domina as decisões na pecuária brasileira e é uma tendência nos próximos anos. Outra questão já enraizada nos pecuaristas é o investimento em recursos tecnológicos, que faz toda a diferença nos resultados. Até mesmo atividades básicas contam com uma ajuda extra dos processos de automação, como a contagem de gado por drones.
Preservação
De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o Brasil tem 66% das terras conservadas. Além disso, a tecnologia na área agropecuária permite produzir cada vez mais usando áreas menores.
Prova disso são os sistemas de integração, desenvolvidos pelo Mapa, por meio da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Eles ampliam o reflorestamento e, ao mesmo tempo, promovem a recuperação de pastagens degradadas.
Com esses sistemas, no período de 2010 a 2018, 32 milhões de hectares de pastagem (20% do total no Brasil) tiveram a qualidade melhorada. Estima-se que quase um terço (dez milhões de hectares) foram pastos com altíssimo grau de degradação, que hoje estão recuperados. No mesmo período, também houve crescimento de quase 6 milhões de hectares de áreas com sistemas de produção integrada.
Presença
A pecuária é a única atividade do agronegócio que está presente em 100% dos municípios brasileiros. A informação é do zootecnista especialista em Produção de Ruminantes da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq/USP) Fabrício Estrela. Somando cerca de 215 milhões de animais em 170 milhões de hectares de pastagens.
“O Brasil gera mais de 7 milhões de empregos diretos com os rebanhos bovinos. Além de subprodutos para cerca de 50 segmentos industriais ligados.”
Fabrício Estrela
Com a ajuda da pecuária, e não apesar dela, o Brasil mantém preservados 61% dos seus biomas originais de floresta. A média mundial é inferior a 25% e chegará o momento em que não haverá desmatamento. Pois já há potencial para aumentar em três vezes a produção.
Fotos: Wenderson Araujo/CNA