Medidas emergenciais de apoio à suinocultura foi uma das pautas de audiência realizada entre a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, juntamente com os secretários de Política Agrícola da Pasta, Guilherme Bastos Filho, e de Comércio e Relações Internacionais, Orlando Leite. A agenda foi solicitada pelos presidentes das Associações filiadas estaduais e frigoríficos membros do Sistema da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS).

O encontro ocorreu na quarta-feira (26), de forma híbrida, na sede do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em Brasília. O Presidente da ABCS, Marcelo Lopes, apresentou à Ministra o Ofício nº 01/2022 da ABCS, já protocolado na Pasta e que propõe sugestões emergências, de curto prazo, para a suinocultura.

Custos altos

Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), entre fevereiro/2020 e janeiro/2022, a soja subiu 105% e o milho 80%. Por outro lado, o valor pago pelo quilo da carcaça suína não se manteve na mesma intensidade. Ou seja, foi de apenas 17%, e com pico máximo de aumento de 75% durante o mês de novembro de 2020.

Lopes solicitou à ministra e sua equipe maior atenção para estabelecer medidas que possam minimizar os efeitos ocasionados pelos altos custos de produção. Além dos baixos valores pagos aos suínos produzidos pelos produtores independentes. 

Prejuízos

Atualmente, a conta do setor não fecha. Muitos produtores do Brasil estão ficando no negativo. “Sabemos que não há mágica, mas queremos construir com o MAPA possíveis alternativas, a curto prazo, para melhorar a situação econômica do setor”. 

O presidente da Frente Parlamentar Mista da Suinocultura e deputado Federal, Covatti Filho, reforçou que a estiagem no Sul do país e no Mato Grosso do Sul intensificou ainda mais o cenário difícil para a suinocultura. “Nos dados mais atuais, os suinocultores trabalham no prejuízo, com os custos de produção maior do que o valor pago para produzir os animais.”

Lopes reforçou à equipe do Mapa medidas, como:

• a possibilidade de promover linhas de créditos para momentos de crise, por meio das instituições bancárias que operam crédito rural;
• a reativação da linha de crédito de custeio, direcionada para a Retenção de Matrizes Suínas (com a concessão de limite de crédito de 2,5 milhões de reais por beneficiário);
• a prorrogação do prazo de pagamento dos custeios pecuários em um ano conforme previsto no Manual de Crédito Rural.

Prioridades

A ministra Tereza Cristina disse que irá priorizar as propostas do setor e outras, para minimizar os impactos negativos ao produtor. “Estamos acompanhando aqui no Ministério o que está acontecendo com a suinocultura. Mas ter a oportunidade de ouvir as lideranças do setor na reunião nos possibilitou entender mais o cenário vivido pelos suinocultores. Agora, é buscar soluções e trabalhar com agilidade.”

Tereza Cristina lembrou ainda que atuar em prol da suinocultura é fortalecer o emprego no campo e a balança comercial do Brasil. “Na qual o agro é essencial.”

O Secretário de Política Agrícola (SPA), Guilherme Bastos, trouxe algumas linhas de crédito que estão operando bem nas instituições financeiras e que devem ser analisadas pelos produtores. Bastos comentou ainda sobre a possibilidade de a Conab oferecer milho balcão, no preço de mercado, aos produtores menores e que estão tendo dificuldade de encontrar o produto.

Ainda na audiência, foi apresentado um panorama da abertura de novos mercados internacionais. Conforme o secretário de Comércio e Relações Internacionais, Orlando Leite, países como Canadá, Peru e México já estão em processo de negociações com o Brasil. “Com cenário positivo e com as ações bastante avançadas.”

Já mercados como Coreia do Sul e Japão também estão na pauta das exportações da carne suína. Porém, segundo ele, requerem maior tempo de negociação.