Coluna Pecuária Adaptada, escrita pelo Diretor da Cort Genética Brasil, Antônio Carlos O. Cabistani.
Dando continuidade à coluna anterior, gostaria de abordar uma dentre tantas tecnologias fundamentais para o sucesso da inseminação: a crioconservação. Na IATF, a informação fisiológica do momento da ovulação não é tão precisa quanto a da IA convencional, visto que se trata de um processo artificial. Essa imprecisão nos leva a variações; por esse motivo, a sobrevivência prolongada do espermatozoide com capacidade fecundante tornou-se uma das imposições tecnológicas fundamentais para os bons resultados.
A congelação de sêmen começou com um processo denominado pellets, no qual o sêmen, depois de diluído, era congelado em uma superfície côncava de “Gelo Seco” -CO² solidificado e compactado em pequenas gotas com forma de esferas. Os Pellets, então, eram armazenados em frascos acondicionados em canisters dentro dos botijões criogênicos. Para o seu descongelamento, um tubo de ensaio era colocado numa solução de citrato de sódio em banho-maria entre 35C° e 37C°; o pellet era colocado no interior dele.
No processo da inseminação, os pellets descongelados eram aspirados para uma pipeta plástica que, em uma das extremidades, continha uma seringa descartável ou um bulbo. Só depois dessa verdadeira maratona, o sêmen era introduzido no genital da vaca. Posteriormente, os pellets que não apresentavam nenhuma embalagem de proteção e não possuíam identificação segura e confiável cederam lugar para outras tecnologias mais sofisticadas.
Todo esse trabalho científico sintetizado aqui exigiu muito tempo e recursos financeiros para possibilitar a utilização segura da genética e expandir o uso da IA mundialmente. Vamos citar algumas das disposições do sêmen congelado desde o início até os dias atuais: Pellets, Ampolas de vidro, Palletas de 0,5ml, Minitubos de 0,25ml e Palletas de 0,25ml. Resolvi escrever sobre o sêmen congelado para fornecer uma visão mais abrangente e também evidenciar o quão complexa e dependente de outras tecnologias e conhecimentos é a IATF.
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“Chego a uma triste conclusão: o produtor não está maduro o suficiente a respeito da técnica de IA, porque, se estivesse, a resposta seria inversa. Afinal, com muito menos tempo e custo, ele teria o controle absoluto da produção”
Talvez por nos faltar essa visão mais espraiada dentro das demais técnicas reprodutivas, fisiológicas, nutricionais e de manejo é que tenhamos tantos resultados variados na utilização da IATF. Quando negligenciamos ou vulgarizamos uma tecnologia, enfrentamos grave risco de insucesso. A IATF deve ser coordenada, gerenciada ou executada por profissionais capacitados e gabaritados. Fico me perguntando quando nosso país vai inseminar de forma massiva para alavancar a produtividade como os outros países desenvolvidos. Ou será que Inglaterra, Alemanha, Estados Unidos, Holanda, França entre tantos estão errados?
Essas são algumas das perguntas que pairam no ar quando começamos a analisar os números internacionais e os nacionais. Vejo que o maior ou menor uso da IA, em nosso país, varia conforme oscilam os preços da arroba e o mercado comprador de carne – interno e externo – e chego a uma triste conclusão: o produtor não está maduro o suficiente a respeito da técnica de IA, porque, se estivesse, a resposta seria inversa. Afinal, com muito menos tempo e custo, ele teria o controle absoluto da produção como quantidade, qualidade do produto e da qualificação dos colaboradores, tendo, assim, que melhorar o resultado em todos os processos da sua propriedade.
Uma coisa é certa e já está comprovada pelo setor: a IATF veio para ficar e resolver antigos gargalos da produção pecuária. Hoje, conseguimos encurtar significativamente o intervalo entre partos, aumentando a produção de quilos de carne por hectare. O melhoramento genético e o cruzamento industrial deixaram de ser uma experiência e passaram a fazer parte da realidade de qualquer produtor determinado a aumentar a produção e a qualificar a propriedade. Seguiremos falando sobre o desenvolvimento do conhecimento na fisiologia da fêmea e seu metabolismo no próximo texto.










