Apesar das expectativas e de aberturas de novos mercados para a carne brasileira, nada se compara à capacidade de consumo da China. “Portanto, seguiremos dependentes dos chineses como destino à nossa produção.” A análise é do economista e consultor da Safras & Mercados, Fernando Iglesias.
Cinco dias após o embargo chinês ter completado 3 meses, ele acredita na retomada desse mercado. Entretanto, em entrevista exclusiva ao Portal A Granja Total Agro, Iglesias afirma que o momento é complicado.
“É interessante essa iniciativa do governo em buscar novos mercados, além da cota de carne sem taxa de importação, que se abriu na Rússia. Isso minimiza os problemas. Entretanto, nenhum outro país tem o potencial de consumo da China.”
Fernando Iglesias
Embargo foi estratégia
Porém, quando e a que preço os chineses vão comprar do Brasil ainda é uma incógnita. Iglesias antevê que a China vá se aproveitar do momento para negociar valores. Segundo ele, o embargo não teve nada a ver com a sanidade animal. “Foi uma estratégia para aumentar os preços dos suínos, de que eles são os maiores produtores mundiais.”

O analista conta que, após a peste suína africana ter se instalado na China, o país “errou a mão” na hora de recompor suas plantas nos últimos anos. Segundo elem aumentaram demais a produtividade, derrubando o valor do produto.
“Então, o embargo à nossa carne bovina foi a forma encontrada para a suinocultura do país asiático sair do vermelho. E deu certo.”
Apesar de o Brasil trabalhar por novos importadores, Iglesias explica que as questões internacionais demoram para acontecer. Mas alerta: “Precisamos avançar nisso para reduzir a dependência chinesa.”
No entanto, reforça que a China vai se manter como o principal comprador brasileiro. “É um cliente muito importante e vamos continuar dependentes deles.”