A decisão do governo federal de incluir a tilápia-do-Nilo na Lista Nacional de Espécies Exóticas Invasoras provocou forte reação de produtores e representantes do agronegócio, levando o Ministério do Meio Ambiente a suspender temporariamente a medida. A classificação, elaborada pela Comissão Nacional de Biodiversidade (Conabio), tinha caráter técnico e buscava apontar riscos ambientais ligados ao escape da espécie para ambientes naturais. A repercussão, no entanto, foi imediata, sobretudo pela preocupação com possíveis impactos sobre licenciamento, custos operacionais e segurança jurídica da cadeia produtiva.
Recuo após pressão política e econômica
Apesar de a inclusão não representar uma proibição do cultivo, fato reforçado pelo Ibama e pela própria Secretaria de Comunicação do governo, o setor temia que a presença da tilápia na lista abrisse caminho para restrições futuras. A mobilização de cooperativas, associações e parlamentares ligados ao agronegócio pressionou o governo, que decidiu suspender a lista para reavaliar o tema. O Ministério do Meio Ambiente afirmou que voltará a discutir a classificação com a participação de especialistas, produtores e estados, evitando decisões unilaterais sobre uma cadeia que movimenta bilhões de reais por ano.
Cenário atual traz estabilidade ao produtor
Com a suspensão, o cultivo da tilápia segue integralmente autorizado, sem novas exigências ou alterações normativas. A decisão devolveu previsibilidade ao mercado e tranquilizou produtores que temiam mudanças bruscas no setor. O debate, porém, não se encerra. A tilápia, hoje o peixe mais produzido no Brasil, continua no centro de discussões sobre manejo, impacto ambiental e tecnologias que permitam produção sustentável sem ameaças à biodiversidade.

A expectativa é de que o tema volte à pauta em um ambiente de maior diálogo, equilibrando interesses produtivos e ambientais para definir o futuro da tilapicultura no país.

Autor: Lucas Lopes | A Granja










