O Rio Grande do Sul é apenas o 12º maior produtor do peixe cultivado tilápia, a proteína animal que mais cresceu no mundo, assim como foi recentemente a carne de frango.
No ano passado o Brasil produziu 890 mil toneladas de carne de tilápias, e a Região Sul, apesar da participação gaúcha pouco expressiva, gerou 1/3 desse volume.
A expansão recente desse peixe e suas potencialidades no agronegócio brasileiro foram destacadas pelo presidente da Associação Brasileira de Piscicultura (PeixeBR), Francisco Menezes, no programa A Granja na TV de quarta-feira, 23, na Ulbra TV.
Menezes lembrou que, 40 anos atrás, o frango, segmento que em que o Brasil é o maior exportador, estava no mesmo estágio de relevância que a tilápia está hoje, sendo que a então produção de aves era mais concentrada que atualmente é a de tilápia.
Conforme o dirigente, em apenas dez anos a tilápia se tornou uma atividade importante, estruturada e com boa participação de empresas.
“Então estamos falando de um cenário de 20 a 30 anos para que possamos ter o mesmo status que temos hoje, principalmente, na avicultura”, estimou.
“Os nossos objetivos são bem claros. Primeiro a gente precisa melhorar a cada dia, a cada ano a competitividade da piscicultura brasileira, e estamos conseguindo isso”, afirmou.

“Hoje temos uma ‘tilapiacultura’, uma das pisciculturas mais tecnológicas do mundo e com as melhores produtividades que se têm pelo mundo, uma característica do agronegócio brasileiro”, acrescentou.
O segundo aspecto é, principalmente, a abertura de mercados, tanto o interno como o externo. Se observarmos especificamente a tilápia nos últimos dez anos, ela cresceu 10,3% ao ano. Então, é a proteína animal que mais teve crescimento no Brasil nos últimos dez anos. E deve continuar nos próximos dez anos também desta mesma forma, haja vista que proteínas importantes no Brasil como de bovinos, suínos e aves já estão num limite bem próximo das suas capacidades de consumo. Enquanto o pescado, que é a proteína animal mais consumida no mundo, tem um campo pela frente aí muito grande para crescer, principalmente dentro do mercado interno.
Francisco Menezes, presidente da Associação Brasileira de Piscicultura (PeixeBR)
Problemas no RS
Menezes lembra que a participação gaúcha em carne de tilápia “não está bem, mas poderia estar bem mais adiante”.
“Alguns anos atrás tivemos um problema jurídico”, justificou.
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“O Ministério Público entrou na Justiça contra a produção de tilápia no estado. Foi um processo que durou 16 anos, e o Ministério Público perdeu a ação no STF (Supremo Tribunal Federal). Então, o estado perdeu o boom da explosão da ‘tilapiacultura’”, explicou.
“Tem como retornar agora? Tem. Mas a legislação estadual está muito rígida do ponto de vista ambiental. Teria que haver uma reestruturação jurídica para trazer segurança jurídica para o produtor e para novos investidores”, sugeriu.
“O que nós observamos hoje no Brasil é que quem está fazendo os maiores investimentos não são os produtores tradicionais. São grupos de investimento do agronegócio, às vezes até fora do agronegócio, que fazem isso. Mas se tiver qualquer resquício de insegurança não vão produzir”, descreveu.
Potencialidades gaúchas
Menezes esclareceu que o RS tem oportunidades próprias para a atividade.
“Primeiro, pela abundância de ambientes, ou seja, onde se produz arroz alagado pode se produzir tilápia, é uma questão de adaptação. Tem um ambiente bom, tem recursos hídricos”, esclareceu.
“‘Ah, mas e o inverno?’”. O inverno não é problema. No Paraná também tem inverno, se faz uma supersafra durante o verão tal qual nas culturas de verão. A gente administra”, revelou.
“Há neste momento uma necessidade do Governo fazer uma reformulação da sua lei ambiental, treinar os órgãos ambientais para que aceite as leis e a legislação e os investidores voltem a olhar para o RS como uma grande oportunidade de negócios, onde eu acredito muito”.
Confira a entrevista completa assim como o programa na íntegra e mais informações sobre o agro na edição de A Granja na TV de quarta-feira, dia 23 de outubro (Canal 48.1 TV Digital e 521 da NET Porto Alegre)