Se todas as lavouras catarinenses de milho atingirem 75% do potencial de produtividade, ou seja, a máxima eficiência técnica e econômica, será possível aumentar a produção anual em 2,5 milhões de toneladas. Esse resultado possibilitaria atender a mais de 70% da demanda do estado pelo cereal.
Pesquisa
Os dados são fruto do estudo do Projeto GYGAs SC, criado para avaliar o potencial e as lacunas de produtividade do milho em Santa Catarina. Ainda são resultados parciais do trabalho feito em 176 propriedades durante a safra 2020/21.
Desenvolvida em parceria entre a Epagri e a equipe FieldCrops, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), a pesquisa se realizou em 42 municípios de SC. Trata-se de um protocolo global, com mais de 70 países participantes, cuja aplicação é local. A iniciativa é liderada pela Universidade de Nebraska (EUA) e Universidade de Wageningen, na Holanda, e se baseia no conhecimento da ecofisiologia das culturas e dos sistemas de produção.
Objetivos
Em Santa Catarina, o estudo deve estimar o potencial de produtividade do milho nas diferentes regiões. Além disso, vai identificar as principais lacunas que impedem uma maior eficiência. Isso tudo para elevar a produção desse cereal por meio do manejo baseado em processos, considerando a atual área de cultivo.
O objetivo final é tornar o estado menos dependente da importação do grão para alimentar seus plantéis de animais, principalmente aves e suínos. Santa Catarina é responsável por 50% da exportação nacional de carne suína e por 30% da carne de frango vendida ao Exterior. Neste cenário, a demanda por milho no Estado é de 7 milhões de toneladas por ano, enquanto que a produção média anual é 2,8 milhões de toneladas.
Os pesquisadores observaram que há uma diferença de 6,9 toneladas por hectare entre o potencial de produtividade e a produtividade média nas lavouras de milho. Para isso, consideraram a safra 2020/21 e as regiões Oeste, Meio-Oeste e Planalto Norte.
“O estudo aponta como essa lacuna pode ser explorada para aumentar, de forma sustentável, a produção catarinense de milho.” A explicação é de Leandro Ribeiro, pesquisador do Centro de Pesquisa para Agricultura Familiar (Epagri/Cepaf) e coordenador do projeto na Epagri.
Semeadura
A pesquisa concluiu que a data da semeadura para altas produtividades ocorre próximo ao dia 19 de setembro. Em geral, lavouras com produtividades baixas, ou seja, inferiores a 4 t/ha, semeiam a cultura do milho 12 dias após as lavouras de altas produtividades, superiores a 9,5 t/ha.
“É um dos fatores com maior influência no potencial de produtividade das lavouras, além de não aumentar custos de produção.”
Leandro Ribeiro
Por outro lado, a densidade de semeadura também deve ser considerada. Para atingir altas produtividades, o estudo recomenda uma média de 70 mil plantas/ha, com espaçamento entre linhas menor e densidade de semeadura maior.
Nas lavouras de Santa Catarina, a diferença da densidade utilizada em lavouras de alta e de baixa produtividade é próxima de 6 mil plantas/ha. A pesquisa ressalta que o uso de maiores densidades de semeadura exige maior investimento em insumos e tecnologia, mas com impacto significativo na produtividade das lavouras.
Foto: Wenderson Araujo
2 Comentários
Muito boa a matéria.
Nossa equipe agradece! Abraço.