As autoridades já têm em mãos um equipamento cuja tecnologia identifica em menos de cinco minutos se um defensivo agrícola é falsificado ou contrabandeado.
É o Sistema de Triagem Rápida de Agrotóxicos e Resíduos (Sitrar), utilizado por fiscais federais e estaduais e também policiais.
O responsável pelo projeto, o engenheiro-agrônomo Marcelo Bressan, auditor fiscal federal agropecuário do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), detalhou como funciona e as utilizações do Sitrar ao programa A Granja na TV de sexta-feira, 10, na Ulbra TV.
“O equipamento é portátil, utiliza a tecnologia do infravermelho próximo, e é uma tecnologia que envolve a reação das moléculas quando são atingidas pela luz do infravermelho. E, conforme a molécula, as diferentes moléculas que existem nos componentes químicos diversos – e aí entram os agrotóxicos -, ela dá um resultado imediato sobre esta interação entre a luz e a molécula química”, descreveu.

“O equipamento tem muita tecnologia para que ele dê esta resposta rápida. Em cinco minutos, com três gotas de agrotóxicos, o equivalente a um produto sólido, ele faz a leitura e entrega para nós o resultado se o produto analisado é falso, contrabandeado”.
Para nós da fiscalização ou dos policiais que estão nas rodovias, que estão investigando os diversos crimes, é importante que se tenha uma resposta rápida. E aí o espectrômetro dá esta resposta rápida. O grande segredo de tudo que ele dê esta resposta rápida é que nós incluímos na memória dele o que a gente chama de “biblioteca”, hoje mil agrotóxicos registrados no Brasil nesta memória do equipamento.
Marcelo Bressan, auditor fiscal federal agropecuário do Ministério da Agricultura e Pecuária
Na dúvida, laboratório confirma
“Então já temos um produto conhecido e, quando temos um produto suspeito, ele faz uma comparação das bandas do infravermelho, se elas coincidem são produtos verdadeiros, idênticos que estão na memória do equipamento”, contou.
“Se não coincidem, há indícios de serem falsos e, muitas vezes, é conclusivo dizer que este produto que foi analisado é falso. Quando existe alguma dúvida, claro que o laboratório ainda é o recurso com 100% de certeza que vai dar a resposta conclusiva”, complementou.
“Mas na maioria dos casos, quando encontramos agrotóxicos falsificados ou contrabandeados o equipamento dá uma resposta muito precisa para a fiscalização”.
Perigo dos falsificados
Bressan ainda alertou sobre os perigos do produtor utilizar produtos químicos que não são idôneos.
“O agricultor já está sob sérias ameaças do clima e de tudo, e aí se ele vai utilizar um agrotóxico que é necessário para o controle das pragas, das ervas daninhas, e este produto não funciona, o prejuízo dele é muito grande”, lembrou.
“Sem contar com outros riscos inerentes ao produto que podem causar para a saúde e ao meio ambiente”.
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O Mapa trabalha junto com outros órgãos estaduais e as polícias para combater este tipo de crime.
“Este crime não acaba com o uso deste equipamento, mas o equipamento vai dificultar muito mais o aumento deste tipo de irregularidade, porque o órgão fiscalizador, no caso o Ministério da Agricultura, ou órgão estadual, ou a polícia têm ferramentas muito precisas para agir rapidamente, tomar uma medida cautelar e proibir e impedir que este produto chegue ao agricultor. Se existe a suspeita, o Mapa com o equipamento assim consegue dar uma resposta muito mais rápida”, argumentou Bressan.
Falsificação bem elaborada
“O agricultor quando compra um produto falsificado geralmente ele é vítima do criminoso porque o criminoso procura copiar fidedignamente o rótulo, a bula, a embalagem, a tampa, tudo. É muito difícil, inclusive, para um perito da área identificar que aquele produto é falsificado. Imagine o agricultor no dia a dia na correria”.
Mas Bressan fez uma advertência:
“Já o produto contrabandeado existe uma compra por parte do agricultor que ele muitas vezes está adquirindo um produto que não tem origem. Aí o risco também é dele, mas também transfere o risco para a sociedade”.
Confira a entrevista completa abaixo, assim como mais informações sobre o agro no programa A Granja na TV, da Ulbra TV, edição de sexta-feira, dia 11 de outubro (Canal 48.1 TV Digital e 521 da NET Porto Alegre)